Enquanto ONGs, partidos da “esquerda”, burocratas, movimentos e governos de todo o mundo discutiam “um outro mundo possível”, o mundo real se apresentava. Nos bairros da periferia de Belém foi imposto um Estado de exceção, com violentas normas que visavam “disciplinar a diversão publica” durante os dias de realização do FSM. Nos bairros Terra Firme, Guamá e Canudos depois de 22 horas era proibido circular pelas ruas. Os bares estavam fechados e qualquer aglomeração de pessoas era entendida com afronta à determinação do Governo do Estado e da Prefeitura Local no que eram prontamente reprimidos. Inúmeras denuncias de violência contra a população de Belém foram ouvidas por quem quis ouvir. Espancamentos, prisões arbitrarias, expulsão da população de rua, portões fechados, seleção econômica. É este o mundo que queremos?
Importante comentar sobre o grande aparato policial presente nas ruas de Belém nos dias de realização do FSM. Principalmente naqueles bairros que se localizavam na “Zona Vermelha” da cidade, dentro da divisão feita pela Prefeitura. A “Zona Vermelha” não por acaso correspondia justamente aos bairros mais pobres de Belém, bairros cuja a carência era visível em suas ruas de terra, onde palafitas se misturavam aos igarapés aonde o esgoto corre a céu aberto e que se localizam em frente às Universidades aonde se realizaram as atividades. Durante o dia quem saía às ruas destes bairros podia ver grandes desfiles policiais, com vinte, trinta viaturas, motos e helicópteros, com os “homens da lei” brutalmente armados, escarrando a força de uma policia política a serviço de um Estado burguês, intimidando, constrangendo e violentando a população local. Portões fechados, vigiados e controlados por seguranças e policiais para garantir o apartheid. Só entravam aqueles que portassem pulseiras ou crachás, só entraram aqueles que pagaram a inscrição. O critério que prevaleceu foi o econômico e este mundo de novo não tem nada. Talvez só a roupa, a velha roupa nova.
Nem sei se eu esperava outra coisa.
ResponderExcluiré o mais do mesmo
ResponderExcluirroupa nova
que veste o mesmo defunto