A situação é dramática, mas ninguém está interessado em ver a cidade opaca. Poís ela não é facil de ser vista, e quando vista , transforma a vida de qualquer um. Essa cidade, um fruto de nossa mente, que nos faz apenas ver, mas não enxergar o que o que realmente está acontecendo, nela as miseráveis almas que queimam no inferno terreal, vivem do lixo, do esgoto, do resto, são os homo-abutris , vivem no lixo, com suas carnes sendo consumidas por vermes de todos os tipos. Almas que vivem no inferno metropolitano. Vivem nos submundos das grandes cidades, não são pessoas, são almas penadas, pois para a gente, cidadões de primeira ordem, os homo-metropolitanus uma especie que se sente a maior de todas, e não dá atenção as sombras esqueleticas que o seguem todo dia pela cidade, não os consideram gente. Não ligam para o estado de humilhação perante a vida com que essas pobres almas penam pelo terceiro mundo. O esgoto que sai da casa dos cidadões vai diretamente para o sangue daquela pobre alma. Imagine que a cada vez que você vai ao banheiro, você envenena com tudo aquilo de ruim que saiu de você, o sangue de uma criança, que vive nas palafitas sobre os rios esgotarios, rios que são verdadeiros deposito de morte. Tudo que está nele, está morto. O rio passa os dias sugando aos poucos a alma daquele pobre ser humano, que se ve obrigado a viver na pior condição de vida que uma pessoa pode ter. Seu sangue não possui vitaminas, possui os dejetos de toda uma cidade. Seu corpo se torna inteiro como o rio, e como o rio, essas pobres almas se tornam aos poucos na morte. Onde elas vivem, uma sombria senhora, convive com as crianças,e leva algumas para sua casa, crianças que mal completara um ciclo solar, mas que vão logo cedo de suas casas, para a morada daquela obscura senhora, chamada de dona morte. E os homens cidadões de primeira ordem, consedem essa cruel e dramatica ordem que se impôs contra aquelas almas. São os sugadores de suas almas, e se sentem bem em não ve-las. Não sentem nada ao ver uma criança pedindo , se humilhando perante uma pessoa igual, para que ela possa dar um pedaço de metal que não se pode comer, não se pode usar para nada de util. Apenas trocar. Os superiores cidadões irão trocar. Eles gostam disso, gostam de trocar as coisas, trocam um papel pelo outro, um favor por outro, trocam sua vida pelo prazer incontrolavel de possuir dinheiro. O mal de todas as desgraças humanas, o que separa os homens, o que torna você e eu diferentes. Porque se eu tenho mais ou menos dinheiro, eu posso vagar pelo mundo como uma alma penada, ou como um rei. Um rei humano que perde a coroa com o passar de sua vida, pois ele nunca se importou com os outros. Nunca prestou atenção no seu reinado, no seu povo, no seu vizinho e irmão que vive do seu lado, mas que tem em seu sangue, os dejetos de milhões de pessoas. Essas pobres almas vivem como parte de nossas vidas. Aliás acostumamos com elas, não nos surpreendemos com nada de absurdo. Pois o absurdo está banalizado, é o cotidiano. Cotidiano que para muitos, são a punição de suas vidas passadas. Pois não faz sentido alguem querer ter uma vida dessa. Pessoas que de tão humilhadas, deixaram de serem homo-sapiens, para se tornarem homo-abutris, carniceiros que vivem do resto. São o resto. Aquilo que ninguem quer que exista, mas que ninguem faz nada para que deixe de existir. Estão fadados a se assustarem com as almas penadas, mas sabem que elas nao fazem nada, vivem na lama , fracas demais para sairem dela. Uma cruel areia movediça de humilhação, onde sempre se vai mais para o fundo, e com isso, ela se contenta com isso, vivem acreditando que estar no fundo é o lugar natural delas, e se viciam no veneno da cidade que invade suas veias e bate fundo em seu cerebro, que é a sua ultima morada, o ultimo reduto que essa pobre alma tem para se esconder. Aguardo ansioso pelo dia que essas almas irão se materializar no nosso mundo, e todos os homens de primeira ordem, não saberão como reagir, e perderão vossas almas, pela discarga do sanitario que outrora alimentou o sangue negro daqueles que vagam por ai. Se esconda, pois não terão piedade, pois deles, ninguem teve.
Baseado a principio na cidade do Recife, mas serve para todo o terceiro mundo...
Sem exagero
Há um dia
olho nos olhos daquele que quase nao vê
ResponderExcluirvejo ali, naqueles olhos tristes, sofridos
uma alma
e com ela me identifico, sofro
e choro...