O combate contra a tirania, do qual prevalece a liberdade de palavra e de pensamento, é um engodo se o cidadão não aprende a demarcar e a distinguir, nas informações que lhe sobrecarregam todos os dias os olhos e os ouvidos, a que conjurações de interesses elas obedecem ou, ao menos, como elas são ordenadas, governadas, deformadas.
Nenhuma idéia, nenhum propósito, nenhuma crença devem escapar à crítica, à derrisão, ao ridículo, ao humor, à parodia, à caricatura, à simulação. “Eu o repetirei em todos os tons”, já escrevia Georges Bataille, “o mundo só é habitável sob a condição de nada nele ser respeitado.” E Scutenaire: “Há coisas com as quais não se brinca. Não o bastante!”
O que sacraliza mata. A execração nasce da adoração. Sacralizadas, a criança é uma tirana, a mulher, um objeto, a vida, uma abstração desencarnada.
Ai que horrivel!
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