quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Do poder da repressão, a repressão ao poder.

Não Pode!

Essa foi a expressão mais ouvida no Encontro Regional de Estudantes de Geografia no ultimo final de semana na UNICAMP. Dita pelos seguranças da empresa Fortknox, que no seu site afirma: "Qualidade é a palavra de ordem na Fort Knox e um esforço permanente de todos os colaboradores da empresa. O Sistema de Gestão da Qualidade implantado segue a Norma NBR ISO 9001:2000 e busca garantir agilidade, eficiência e qualidade aos serviços e produtos oferecidos pela empresa." Agilidade comprovada pelos estudantes de geografia presente no encontro. As inumeras proibições que existem na UNICAMP, faz com que os seus seguranças tercerizados, trabalhem com muito empenho, para manter a ordem que o regulamento interno da universidade impõe. Não se pode fazer nada dentro da universidade. No regulamento, Artigo 227 está descrito o que NÃO se pode fazer:

I. praticar atos definidos como infração pelas leis penais, tais como calúnia, injúria, difamação, rixa, vias de fato, lesão corporal, dano, desacato, jogos de azar;
II. manter má conduta na Universidade ou fora dela;
III. promover algazarra ou distúrbio;
IV. cometer ato de desrespeito, desobediência, desacato ou que de qualquer forma, importe em indisciplina;
V. fazer uso de substâncias entorpecentes ou psicotrópicas, ou de bebidas alcoólicas
VI. proceder de maneira considerada atentatória ao decoro;
VII. recorrer a meios fraudulentos, com o propósito de lograr aprovação ou promoção;
VIII. praticar manifestações, propaganda ou ato de caráter político-partidário ou ideológico, de discriminação religiosa ou racial, de incitamento ou de apoio à ausência aos trabalhos escolares.

Dentre todas as proibições, os estudantes foram inumeras vezes importunados pelos seguranças, que surgiam a todo instante, demonstrando que estavam ali para não deixar nada acontecer. Mas eles tiveram a desagradavel surpresa de que os estudantes pouco estavam se importando para eles. Sem poder de reação, e vendo que nada podiam fazer a não ser dizer que não podia, eles aos poucos foram desistindo.

Quando acendemos uma fogueira, vieram instantanemente apaga-la, dizendo NÃO PODE, mas ao serem questionados, a unica resposta que eles conseguiam dizer era NÃO PODE. Sem argumentos, e com mais de 300 estudantes a sua volta, eles foram vendo que aquela batalha de repressão aos estudantes que nada de mal faziam, a não ser se divertir, esquentar do frio, ou como no caso do churrasco de domingo, COMER, era inutil, pois para todos os estudantes, aquelas proibições sem sentido , nao passavam de uma mera diversão. Ver os seguranças encabulados com a situação se tornou um divertimento para todos, que riam toda vez que ouviam mais um NÃO PODE, que ressoava pelo campus, a cada atitude, ato, gesto dos estudantes. Sem argumentos não havia como reprimir, a não ser usando a força, e isso não seria feito, pois com tanta gente disposta a não obedecer as ordens de esvaziamento da UNICAMP, eles não arriscariam agir dessa forma. Apenas anotavam as ocorrencias e diziam que encaminhariam para o reitor. Assim como na UFMG em 2006, quando o EREGEO se tornou o camping mais caro do país, com a surreal multa aplicada pela reitoria aos organizadores de R$50.000,00 por dia de ocupação, as ameaças da segurança entravam em um ouvido e saia pelo outro, e tudo continuava acontecendo como bem queriamos. Ao ser questionado um dia por um segurança que ja aceitando o fato de que seu poder não exsitia, respondi a questão feita por ele, sobre o porque de não respeitarmos o seu poder. Disse que da mesma forma que eles usavam o poder para nos repreender, nos ignoravamos esse poder, que pra nós não existe. Os estudantes são o principio da universidade, e a segurança era apenas algo que nos impedia de estarmos ali. Respeitando as normas eticas, e sem vandalismo, não havia motivos para a segurança vir nos repreender, mas ela como uma empresa com excelencia no assunto, ficou sem saber o que fazer. Disse ao segurança que seu trabalho era importante para nos proteger de possiveis "marginais" que poderiam entrar no campus, e que eles não deviam nos temer, mas simplesmente nos ignorar. Foi o que aos poucos foi acontecendo com alguns deles, que foram no fim se divertindo com a nossa repreensão ao poder que eles queria impor. Eramos o seu circo, e como palhaços, corriamos de um lado para o outro, acendendo fogueiras, fazendo churrasco, dormindo nas gramas e praças, coisas que no dia a dia da UNICAMP não mais existe.

A UFMG tentou a alguns anos atrás fazer o mesmo que a unicamp, com seus seguranças tercerizados, com as proibições de festa, de venda de cerveja, de fogueiras, mas como continuamos a fazer tudo NaTora, aos poucos as imposições foram ficando apenas no papel, e hoje em dia graças aos alunos que outrora não se sentiram reprimidos pelo poder, a UFMG ainda possui as festas, fogueiras e tudo mais que são proibidos simplesmente sem nenhum argumento contra. Sem argumento, quem pensa não aceita, e assim o poder é reprimido por si próprio, já que para se oprimir sem usar a força é preciso usar a inteligencia, que as vezes falta na universidade, que sonha um dia domar todos os cordeirinhos que ali estão para 'estudar'.

Viva a vida NaTora!!!

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