quarta-feira, 24 de junho de 2009

papelão da Suzano, artigo de Judson Barros

[EcoDebate] A sociedade piauiense precisa ficar atenta à conversa da implantação de uma fábrica de papel, da Suzano, no município de Nazária. Existe um velho ditado que diz: “quando a esmola é grande o cego desconfia”. Pois este deve ser o espírito frente aos fatos. A tentativa do convencimento a qualquer custo é a mesma, apelar para a maior necessidade das pessoas. Criar a idéia de permissividade utilizando a promessa de emprego e daí viabilizar os reais objetivos.

O governador WD anunciou a geração de 30 mil empregos indiretos e 3.500 diretos na fábrica da Suzano. O Secretário de Fazenda, em uma emissora de TV, disse que só para construir a unidade serão 8 mil empregos diretos. Você acredita nessa estória? Tudo isso é mentira. A finalidade desse discurso é aquietar a população por conta dos piores aspectos do negócio, a destruição do meio ambiente e a isenção fiscal que será dada para a empresa.

A situação da manipulação da opinião pública é vergonhosa, o governo não definiu nem um quantitativo de empregos que serão gerados. O Governador diz 30 mil, o dono da Suzano diz 12 mil, um assessor diz 16 mil indiretos e 8 mil para construir a fábrica. Aqui deve haver um engano. Talvez seja para construir o Estado inteiro. Outro diz 25 mil. Mas quantos empregos mesmo serão gerados? Muito poucos podem ter certeza.

Esse discurso foi utilizado com a vinda da Bunge Alimentos e da Brasil Ecodiesel para o Piauí. Com relação à Bunge a promessa era de 10 mil empregos indiretos e 517 diretos na fábrica em Uruçuí. Hoje a realidade mostra que não foram criados mais de 500 indiretos e na fábrica não tem mais de 50 pessoas trabalhando. Na questão da Brasil Ecodiesel foi pior, até o Presidente Lulla veio para a encenação. A promessa foi de 20 mil empregos indiretos e pelo menos 2 mil diretos. Hoje a realidade é cruel, nenhum emprego está sendo gerado, a fábrica foi fechada, pois o governo “descobriu que não dá para botar carro para andar com azeite de mamona”. Mas depois de muito dinheiro público metido no negócio. Para essa empresa o Governador deu um presente 100 mil hectares, de terras públicas, no valor de 50 milhões aproximadamente.

A justificativa de destruir o meio ambiente porque vai gerar algum emprego é aceitável? Tentam imbuir na mente das pessoas que por causa desses empregos a sociedade deve passivamente aceitar a destruição de florestas inteiras nos arredores de Teresina, eliminando completamente a fauna e a flora, também contribuindo para aumentar o calor e a falta de chuvas da região e transformar o Parnaíba num esgoto pior do que já está. Grave também será o abastecimento na Capital em qualidade e disponibilidade da água.

As isenções fiscais no Piauí representam um prejuízo de milhões de reais por ano. São feitas a grandes empresas com o argumento de promoção do desenvolvimento e geração de empregos. As empresas isentas não geram empregos que justifiquem tamanha lesão ao erário público.

Veja o Decreto de Isenção da Suzano: http://www.gp1.com.br/colunas/decreto-da-isencao-fiscal-da-suzano-papel-e-celulose-sa-4749.asp

O discurso utilizado a partir do dinheiro que será investido pela Suzano é nefasto, tenta induzir as pessoas a uma conclusão de que terão algum beneficio dele. A Suzano vai converte 1,8 bilhão de reais em patrimônio próprio que serão máquinas, equipamentos e instalações para a empresa funcionar. Os cães comerão as migalhas. A Suzano investir esse dinheiro numa fábrica não implica que o Estado do Piaui vai melhorar, pode até piorar.

O sul do Piauí está destruído, com os rios e riachos envenenados e secos para atender a voracidade de algumas empresas que buscam lucro fácil através da destruição dos ecossistemas com as atividades do carvão, da lenha, da soja, da mamona e do eucalipto. A riqueza produzida concentra-se nas mãos de uns poucos e a grande maioria da população continua vivendo sem usufruir dos bens oferecidos com gratuidade pela Mãe Natureza. A agricultura familiar quase não existe. Nenhuma cidade onde está a soja, a mamona, a lenha ou o carvão mostrou mudanças em seu perfil social. Trabalhadores rurais morrem envenenados e o Estado finge que não vê, a atividade laboral tem como base o trabalho escravo, a biodiversidade é destruída implacavelmente, as águas do Cerrado estão desaparecendo e os desertos sendo criados.

Estudos científicos e experiências em vários Estados, como Espírito Santo, Bahia, Rio Grande do Sul e Minas Gerais comprovam que a indústria da celulose e do papel é um grande mal para o meio ambiente e para a sociedade. Nesses locais a destruição ambiental e os transtornos sociais são imensos, contribuindo para uma péssima qualidade de vida da grande maioria da população. A reciclagem é a melhor alternativa para a indústria do papel.

A Rede Ambiental do Piauí não é contra o desenvolvimento do Estado, mas contra a destruição do seu patrimônio natural para atender a interesses de empresas que buscam lucro fácil sem responsabilidade ambiental e social e à política do conluio que facilita a degradação desse patrimônio para viabilizar interesses escusos.

Enfim resta uma pergunta: Quanto vai custar o papelão da Suzano para o meio ambiente e para o erário público?

Judson Barros – Coordenador da Rede Ambiental do Piauí

segunda-feira, 22 de junho de 2009

O macabro Consorcio da Morte gerado pela política de segurança publica no estado da Bahia

Salvador, 18 de junho de 2009.

Resistência Comunitária

Na noite da última terça-feira 16 de junho de 2009, mais 5 (cinco), jovens negros, moradores da periferia de Salvador, mais especificamente do bairro de Canabrava, tombaram sobre ação da policia baiana que em uma operação relâmpago invadiu o bairro após a morte de um agente da policia civil. A versão transmitida pelos veículos convencionais e os oficiais apresenta-se como uma leitura que tende a legitimar ações de extermínio cometidas pelas
policias baianas, fala-se em auto de resistência, fala-se em combate ao crime organizado, fala-se sobre a morte do agente da policia civil… e talvez esta seja a única que interessa!

Mesmo que para uns o nosso pronunciamento não irá provocar mudanças diante a estrutura que nos oprime, ou que para outros o nosso ponto de vista seja para desgastar o governo, o Resistência Comunitária, como organização autônoma de juventude negra que, membro do Fórum de Juventude Negra e atuante na luta contra o extermínio, mais uma vez irá expor a sua opinião e se comprometer com todas as ações de acompanhamento deste caso, estamos certos (as) do risco que corremos, mas estamos convictos que o papel de nossa geração é não morrer calada.

A morte de jovens negros (as) pelas forças policiais na Bahia bem como em todo território nacional brasileiro tem se naturalizado de uma forma assustadora, o Brasil é o país onde mais se mata jovens no planeta, é como se houvesse um regime de exceção em pleno governo democrático de “todos nós”, como diz a propaganda oficial.

Na realidade nua e crua do dia a dia, fora das situações de evidencia é assim que nos sentimos sob uma ditadura para o povo negro que se não é militar utiliza-se deste aparelho para exercer o a seu poder despido de qualquer pudor frente violação dos direitos humanos, em consorcio com a grande mídia e a maioria dos que lutavam por mudanças, do movimento social aos partidos de esquerda, todos estão imobilizados diante a situação que nos aflige. Este é o reflexo do jogo de conveniência que se tornou a política em nosso país, não se defende mais causas independente da conjuntura, ao invés se seleciona os inimigos e os que serão poupados em detrimento da coerência, a pesar de jovens sabemos que por muito menos este país já foi sacudido pelo movimento social. Ah que saudades das manifestações raivosas contra o carlismo e FHC, onde até as ONG’s se envolviam, agora só vimos isso nos vídeos de Carlos Prozato ou nos álbuns de fotografia das organizações.

Para nós é anedótica a atuação do Ministério Público do estado Bahia frente a tal situação, uma vez que se restringe a multar os programas televisivos que lucram em cima da criminalização da população negra, ou seja, apenas cria um imposto para exibição de corpos negros pela mídia e celebram termos de ajustamento de conduta que não ajustam nada, nem a atuação truculenta da policia e nem a ditadura da imprensa racista.

Diante este cenário adentrar em comunidades e executar friamente jovens negros (as) na frente dos familiares e vizinhos, se tornou uma tarefa trivial no cotidiano da policia baiana, que cumpre a risca a orientação do secretario de Segurança Publica, de “ir para cima e fazer tombar do outro lado”, notadamente do lado negro e pobre da sociedade baiana.

Sim essa pratica truculenta é legitimada por César Nunes que encorajou publicamente os seus subordinados a agir de maneira violenta em nossas comunidades, como nos tempos da escravidão o senhor branco ordenou os capatazes negros a perseguir e matar outros negros, por meras recompensas que variavam de animais a pedaços de terra, atualmente o premio recebido é a condecoração, o prestigio e o minuto de fama na mídia que o policial assassino desfruta. È isso mesmo, o nosso sangue vale medalha, promoção e fama, e na sociedade do espetáculo isso quer dizer muito!

Enquanto na maioria dos paises democráticos do mundo o auto de resistência (permissão que o policial tem para matar em situação de perigo de morte) vem sendo abolido, por se compreender que o aparato de segurança publica deve preservar a vida e a integridade física dos cidadãos, no Brasil e principalmente na Bahia a preservação do auto de resistência é tida como algo sagrado por parte dos gestores da segurança publica do nosso estado, pois é utilizado sistematicamente para mascarar as execuções sumárias praticadas por estes, o que limita as tentativas de responsabilização dos assassinos de farda e seus superiores.

O Consórcio da Morte ao qual nos referimos tem como sócio majoritário o governo Wagner, eleito para romper com as práticas de governo carlista, mas que atualizou a agenda genocida do Estado brasileiro que desenvolve-se desde a não garantia dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres negras até encarceramento da juventude negra. O atual governo permitiu à continuidade de uma política de segurança pública baseada na eliminação física como forma de combate ao crime organizado e do narcotráfico e não há discurso governista que possa dizer o contrario.

A desculpa de combate ao trafico de drogas e ao crime organizado vem sendo utilizada há décadas não só no Brasil como nos outros países da America latina como meio de controle social, esse discurso legitima o recrudescimento da utilização da força letal dos agentes do Estado voltada para os grupos historicamente violentados, flagrantemente é uma forma de manter as coisas como estão por isso somos a favor de um outro modelo de segurança publica e não temos esperança que a CONSEG nos moldes de hoje dêconta desta construção.

A grande mídia figura como outro sócio que se concentra na atividade lucrativa de reproduzir e disseminar o discurso oficial através da banalização da violência contra a população negra e da sua criminalização, fazendo valer máxima de Goebbels, chefa da propaganda nazista, de que uma mentira repetia mil vezes torna-se verdade. De outro lado temos a maioria das ONGs interessadas somente na sobrevivência dos seus projetos, e por consequência de si mesmas e de seus dirigentes, se mantêm omissas frente ao quadro de terror vivido pelas comunidades populares.

Nossa critica se estende também às organizações que não participam de conferências e nem de conselhos (essas não tem nem a perspectiva de influir nas políticas publicas nem pela participação ou pela formulação de teses, querem mesmo é a falência do Estado), mas captam volumosos recursos internacionais para defender os direitos humanos em nosso país, e calam-se quando o direito a vida, o mais elementar de todos os direitos humanos, não é assegurado à população negra. Essa postura omissa evidencia que a vida de pessoas negras é uma questão menos que secundaria na agenda política destas organizações não merecendo nenhuma relevância nas suas demandas. Mas isso Stive Biko já havia nos dito, quando nos lembrou que estamos por nossa propia conta, estão deixemos esse aspecto de lado.
Então olhemos os últimos e não menos importantes sócios do consórcio macabro que proporciona o genocídio do povo negro tendo como alvo preferencial a juventude negra: o próprio movimento social, que como já dissemos, encontra-se comprometido com o esforço de garantir as suas vagas nas estruturas do governo, nas conferências e demais espaços promovidos e tutelados pelo governo, estes são espaços que tem se configurado como verdadeiras senzalas políticas e não espaços de participação democrática, como dizem por aí.

As conferências só aprovam cartas de intenção, ou seja, efetivamente não se vê mudanças na base, como lucidamente nos advertiu a Makota Valdina na ocasião de abertura da conferência estadual de promoção da igualdade. Os conselhos na maioria das vezes só servem para massagear o ego de militantes “espacistas” e legitimar as decisões do governo, mantendo os movimentos quietos ou atuando dentro do limite da governabilidade, enquanto isso a matança que se abate sobre a população negra segue em frente.

Não podemos encarar o ultimo massacre que ocorreu em Canabrava como apenas mais um capítulo na historia do genocídio da população negra, ao contrario devemos dar o devido valor as vidas perdidas nesta ocasião, como esforço para extinguir o racismo que fundamenta a política de segurança publica vigente.

A classificação de suspeito por ser negro legitimou o abate em praça publica e nos becos mal iluminados de cinco jovens, isso não pode ser visto como algo normal são de seres humanos com pai mãe, irmãos que estamos falando e não de números.

Finalizamos reiterando o nosso repudio a essa política de controle social e não de segurança publica que estabelece a policia exterminadora como única presença do Estado em nossas comunidades historicamente marginalizadas e inviabilizadas pelo atual modelo sóciopolítico baseado no racismo.

Essa política transformou os nossos territórios em verdadeiros campos de extermínio, estamos diante um cenário digno de um filme de terror ou de um espetáculo do circo dos horrores, que tem como cena principal os nossos corpos desfalecidos regado as lagrimas de nossos familiares e amigos, nos sentimos no corredor da morte, sobretudo nós militantes coerentes que podemos ser abatidos a qualquer momento justamente por não calar-se diante o massacre.

Sabemos que estamos na mira, como toda pessoa negra em nossa sociedade, mas seguiremos em frente denunciando, pois não estamos sozinhos (as), estamos movidos por uma luta ancestral que nos blinda e encoraja a cada instante.

Resistência Comunitária: sempre na luta!

Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência

quarta-feira, 17 de junho de 2009

segunda-feira, 15 de junho de 2009

CARTA ABERTA AO PRESIDENTE LULA


" -Perdeu sua preta, ralé, FDP! A gente é que manda nessa bagaça!" perua latifundiária líder da bancada ruralista, Kátia Abreu.


Brasília, 04 de junho de 2009

Exmo. Sr.

Luiz Inácio Lula da Silva

DD Presidente da República

Sr. Presidente,

Vivemos ontem um dia histórico para o país e um marco para a Amazônia, com a aprovação final,pelo Senado Federal, da Medida Provisória 458/09, que trata sobre a regularização fundiária da região. Os objetivos de estabelecer direitos, promover justiça e inclusão social, aumentar a governança pública e combater a criminalidade, que sei terem sido sua motivação, foram distorcidos e acabaram servindo para reafirmar privilégios e o execrável viés patrimonialista que não perde ocasião de tomar de assalto o bem público, de maneira abusiva e incompatível com as necessidades do País e os interesses da maioria de sua população.

Infelizmente, após anos de esforços contra esse tipo de atitude, temos, agora, uma história feita às avessas, em nome do povo mas contra o povo e contra a preservação da floresta e o compromisso que o Brasil assumiu de reduzir o desmatamento persistente que dilapida um patrimônio nacional e atenta contra os esforços para conter o aquecimento global.

O maior problema da Medida Provisória são as brechas criadas para anistiar aqueles que cometeram o crime de apropriação de grandes extensões de terras públicas e agora se beneficiam de políticas originalmente pensadas para atender apenas aqueles posseiros de boa-fé, cujos direitos são salvaguardadospela Constituição Federal.

Os especialistas que acompanham a questão fundiária na Amazônia afirmam categoricamente que a MP 458, tal como foi aprovada ontem, configura grave retrocesso, como aponta o Procurador Federal do Estado do Pará, Dr. Felício Pontes: “A MP nº 458 vai legitimar a grilagem de terras na Amazônia e vai jogar por terra quinze anos de intenso trabalho do Ministério Público Federal, no Estado do Pará, no combate à grilagem de terras”.

Essa é a situação que se espraiará por todos os Estados da Amazônia. E em sua esteira virá mais destruição da floresta, pois, como sabemos, a grilagem sempre foi o primeiro passo para a devastação ambiental.

Sendo assim, Senhor Presidente, está em suas mãos evitar um erro de grandes proporções, não condizente com o resgate social promovido pelo seu governo e com o respeito devido a tantos companheiros que deram a vida pela floresta e pelo povo Amazônia. São tantos, Padre Jósimo, Irmã Dorothy, Chico Mendes, Wilson Pinheiro – por quem V. Excia foi um dia enquadrado na Lei de Segurança Nacional – que regaram a terra da Amazônia com o seu próprio sangue, na esperança de que, um dia, em um governo democrático e popular, pudéssemos separar o joio do trigo.

Em memória deles, Sr. Presidente, e em nome do patrimônio do povo brasileiro e do nosso sonho de um País justo e sustentável, faço este apelo para que vete os dispositivos mais danosos da MP 458, que estão discriminados abaixo.

Permita-me também, Senhor Presidente, e com a mesma ênfase, lhe pedir cuidados especiais na regulamentação da Medida Provisória. É fundamental que o previsto comitê de avaliação da implementação do processo de regularização fundiária seja caracterizado pela independência e tenha assegurada a efetiva participação da sociedade civil, notadamente os segmentos representativos do movimento ambientalista e do movimento popular agrário.

Por tudo isso, Sr. Presidente, peço que Vossa Excelência vete os incisos II e IV do artigo 2º; o artigo 7º e o artigo 13.



Com respeito e a fraternidade que tem nos unido, atenciosamente,

Senadora Marina Silva

sábado, 13 de junho de 2009

Pronunciamento dos Povos Indígenas da selva central

COMUNICADO





Os povos indígenas da Selva Central: Ashaninka, Asheninak, Yine, Yanesha, kakinte, Nomatsiguenza e Marsiguencia e os Povos Andinos e Organizações Sociais da Selva Central, colocam, para conhecimento da opinião pública o seguinte:





1. Condenamos energeticamente a repressão sangrenta contra nossos irmãos indígenas na província de Bagua e a morte, até esta data, de aproximadamente 32 irmãos indígenas e 12 policiais, e um número maior de feridos e desaparecidos.





2. Declaramos a absoluta responsabilidade deste governo de Alan García Pérez sobre estes fatos, de acordo com suas seguintes atuações:


- Vulnerou a ordem constitucional ao aprovar uma série de normas violadoras da Constituição e dos Tratados Internacionais com o claro fim de despojar-nos de nossos territórios ancestrais e entregar os recursos naturais às transnacionais.





- Silencio através dos meios de comunicação, à voz indígena expressando- se em defesa de nossos territórios e dos recursos naturais como os bosques e as águas. A vida.





- Negou, de fato, o diálogo expressa e largamente esperado por nossa organização representativa AIDESEP e, pelo contrário, declarou o estado de emergência suspendendo as liberdades pessoais e os direitos políticos nas regiões nas quais ocorriam os protestos indígenas.





-Pretendeu, diante da persistência indígena na digna reclamação por nossos direitos, intimidas a nossa diligência nacional denunciando- nos por sedição, rebelião e conspiração.





- Como ainda assim a reclamação indígena não parou, organizou um diálogo dilatador, falso e perverso. Falso, porque ali mostrou sua invariável negativa a derrogar as normas anticonstitucionais , e perverso, porque o fez com as denúncias penais pendendo sobre os dirigentes, os quais, por suposto, não se acovardaram.





- Rejeitou os informes, opiniões e solicitações da Comissão Multipartidária da Defensoria do Povo, do Comitê de Expertos da OIT, da Presidenta do Foro Permanente das Nações Unidas sobre as Questões Indígenas e de experientes constitucionalistas , que de uma outra maneira demonstraram a legitimidade da demanda indígena para a derrogação dos decretos.





- Desafiou os chamados de instituições da sociedade civil, organizações sociais, Igreja, que sugeriram ao governo abrir um diálogo autêntico e respeitoso com os representantes indígenas.





O que fez evidente ao longo desses 55 dias de greve amazônica é que sua opção é pela defesa dos interesses petrolíferos e mineração transnacional contra os nacionais e os direitos de nossos povos, provocando o massacre com o derramamento de sangue inocente e as mortes de policiais e de irmãos indígenas que não faziam nada mais do que defender heróica e pacificamente a vida de nossos povos diante aos atentados contidos nas normas inconstitucionais desse governo que hoje se converteu em assassino.





3. O que ocorreu em Bagua, nos remete ao presente os casos que se produziram durante o primeiro governo de Alan García: o caso Accomarca, em 1985, no qual a CVR estabeleceu o assassinato de 62 comunheiros, entre mulheres, anciães e crianças por uma patrulha do exército; o caso Cavara em q988, no que a CVR corroborou com que cometessem graves violações dos direitos humanos sob uma operação militar; e o caso das execuções extrajudiciais dos prisioneiros de EL Frontón e Lurigancho no qual a CVR declarou estar em condições de afirmar que mais de duzentos internos perderam a vida durante os motins do mês de junho de 1986, pelo uso deliberado e excessivo da força contra os reclusos que, uma vez rendidos, foram executados extrajudicialmente por agentes do Estado.





4. Expressamos que a aprovação de normas inconstitucionais que atentam contra a vida dos povos indígenas, junto aos fatos ocorridos em Bagua, nos faz pensar que no Estado está incorrendo em práticas e políticas sistemáticas, cometendo o delito de lesa-humanidade, pelo que fazemos um chamado a todos os peruanos e peruanas a se manterem alertas para acionar este governo.





5. Reiteramos que os únicos responsáveis das lamentáveis mortes são o Executivo e o Congresso. Pedimos que o Presidente da República Alan García Pérez seja julgado por isso. Pedimos a renúncia imediata do Presidente do Conselho de Ministros Yehude Simon e das Ministras do Interior e da Justiça, Mercedes Cabanillas e Rosário del Pilar Fernández, porque têm mostrado sua incapacidade para atender a justa demanda indígena e solucionar o conflito sem arriscar os direitos fundamentais. São co-autoras, compartilhando a responsabilidade nos fatos produzidos.





6. Exigimos a extinção imediata dos processos penais de todos os integrantes da AIDESEP. Eles somente canalizam as demandas de suas bases e o faz com conhecimento público. Não aceitamos nenhuma detenção contra o Presidente da AIDESEP nem contra nenhum dos líderes nacionais, regionais, locais, nem comunheiros indígenas. Assim, exigimos a interrupção imediata da campanha, por parte do governo e alguns meios de comunicação, os quais nos identificam como terroristas. Assinalamos que nossas ações são em defesa de nossa vida e nossa dignidade como povos.





7. Exigimos a imediata revogação dos Decretos Legislativos 1090, 1064, 1089 e 1020. A Defensoria do Povo já se pronunciou sobre o Decreto 1064 e expôs as razões pelas quais é inconstitucional, sendo estas razões aplicáveis a todos os decretos. Hoje por hoje, é evidente que tanto o Executivo como o Congresso tem pretendido levar-nos a “passear” em mesas de debates que não resolvem nada. LOS POVOS INDÍGENAS NÃO ACEITAM MAIS ESTES ENGANOS. A única coisa que logrará este governo com suas medidas repressivas e seus assassinatos é multiplicar nossa luta.





8. Comunicamos que os povos indígenas da selva central, iniciarão uma jornada de resistência permanente pela defesa de nosso território ancestral.





9. Agradecemos a solidariedade de todas as organizações sociais e personalidades que rechaçam este modelo neoliberal e lhes pedimos que se unam a esta luta. Alan García não recebeu os votos do povo para governar vulnerando a Constituição, nem para ser empregado das transnacionais, nem para violar os direitos humanos dos povos indígenas.





Satipo, 06 de Junho 2009.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

...

Respira-se em nossa atmosfera um fedor,
Um fedor já sentido por aqui,
Fede merda,
Sangue,
Pau-de-arara,
Exílio,
Polícia,
Farda,
Fardo,
Homens em carros pretos,
Gente sumida.
Fede estado de sítio,
Recolhimento,
AI-5,
Censura.
Fede toque de recolher na rede Globo,
Fede evangélicos na Record,
Fede Airbus da Airfrance,
Fede polícia na USP,
Fede principalmente COPA DO MUNDO.
Fede ambientalismo.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Aos pessimistas

Ao que digam os pessimistas
sim, racionais
- que à razão não dê muralhas
e nem a nada
derrube-as, se puder...
se quiser

Respire ar puro
tome banho de sol
sem comprar nem vender seu tempo
e nem o meu
o Tempo é Deus

Pesque uma idéia no ar
mas que seja ar puro
sem muro
Pensar fora das paredes
onde há muitas outras vozes
precisa silêncio para se ouvir

Assim como a corrida dos cavalos selvagens
além da vista
que com a força de um trovão
só se pode sentir
agaixando de joelhos
e colando o ouvido ao chão